Marcia Peixe
Ao longo dos últimos dois anos, a vida da batistense Angela Soares, 51 anos, tem sido marcada por grandes desafios, especialmente, no âmbito da dor. Conviveu com o término do casamento, um incêndio em sua residência e salas comerciais, a doença e morte dos pais e irmãos, além do suicídio do filho mais velho. Acontecimentos intensos que exigiram dela confiança em Deus. Mas, sem dúvida, o falecimento do primogênito Luiz Ricardo, em 2017, foi um dos que mais lhe marcou. “Não existe dor maior para uma mãe do que enterrar um filho, porque somos ainda muito palpáveis, muito do visual”, afirma Angela.
De lá para cá, viver a maternidade exigiu dela muita força e também coragem para enfrentar sentimentos extremos: “Eu vivo a dor da solidão de ter um filho no céu e outro que mora com o pai em Balneário Camboriú. Vivo a felicidade de saber que o mais velho vive com o Pai do Céu e que o mais novo está com o pai da terra, sendo bem cuidado. Vivo a saudade de não ter mais visto meu filho Luiz Ricardo e a saudade do mais novo que é passageira. Também vivo a dor do ninho vazio, pois sempre achamos que nossos filhos têm que ficar debaixo de nossa saia a vida inteiro. Convivo com a solidão porque o ninho ficou vazio e não sei o que fazer com tanto espaço. Vivo a felicidade porque um está no céu e outro seguiu sua vida, está se tornando um homem espetacular, muito querido, amado, estudioso, comprometido com o trabalho, que está construindo a sua vida. E a mãe fica, com o coração cheio de saudade, orgulho e felicidade”, descreve a empresária.
Para encarrar estes turbilhões de emoções e pensamentos, Angela buscou refúgio em Deus, por meio da fé. De família católica, fez a experiência do Filho Pródigo, (aquele que volta para a Casa do Pai e intensificou suas orações). “Ainda é uma dor muito grande e forte, mas através das orações eu busquei ressignificar. Eu rezava com o coração, de joelhos, pedindo todos os dias a Deus para mudar o que sentia”, acrescenta.
Angela conta que começou a internalizar a certeza de que segundo sua fé, ela é a imagem e semelhança de Deus, e assim sendo, Deus não estava gostando de vê-la sofrer e chorar daquela forma. “Então comecei a pensar, que só queria que eu confiasse nele, então quando eu chorava, parecia que eu não estava confiando. E eu pedi mesmo, dobrava meu joelho e pedia, Senhor mudar o que estou sentindo”, detalha.
“Uma mãe que ora é feliz, porque está caminhando no sentido da santidade, embora errando, embora cometendo erros, tendo muitas misérias para serem entregues a Deus, mas a gente está a caminho”.
Seguindo este desafio diário, conseguiu encontrar conforto e paz em seu coração, pois aceitou que fez tudo que estava ao seu alcance como mãe. “Realmente fiz tudo o que era possível para eles. Se eu errei? Com certeza! E não foi pouco, mas foi tentando acertar para fazer o melhor. Eu os amo além da medida da vida”, confessa. Neste percurso, Angela conheceu o AMO – Movimento Mães que Oram pelos Filhos – da Igreja Católica que teve início no Espírito Santo, que tem o objetivo de reunir mães que rezam por seus filhos. “Eu ingressei no grupo de São João Batista, em maio de 2021 e na semana passado passei a coordenar um serviço nacional, o AMO Escola, que reúne pais e professores que rezam o terço pelos filhos nas escolas. Aceitei o desafio e acredito que Deus me capacitará”, conclui.
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