Dr.Wilian Duarte da Silva
Nem todos os dias a gente está disposto a escrever. Não sei, se pela disposição do momento, da hora ou do dia. A impressão que se tem, é que o tempo dita esses instantes.
Hoje, aproveitando essa brecha sadia, vou contar a história de um brilhante homem público, que deu de si, da sua competência para criação do município de São João Batista.
Batistense no dizer da nossa gente, “de quatro costados”. Refiro-me ao bravo e dedicado vereador Sinésio Duarte, que na hora precisa, esbanjou com orgulho e tenacidade, seu egocentrismo, na Câmara Municipal de Tijucas.
Lembro que o Brasil retornava ao regime democrático, após a ditadura Vargas, que durou de 1930 a 1945, e final da segunda grande guerra mundial. Pela primeira vez, após longo período de exceção, se procedeu eleições municipais para as Câmaras de Vereadores, de todo território nacional. E, o batistense, comerciante próspero do Distrito de São João Batista, foi conclamado a concorrer como primeiro candidato a vereador do Distrito, em 1947.
Foi de autoria dele, o Projeto de Resolução n. 4, de 21/05/1957, enviado à Câmara Municipal de Tijucas que deu origem a criação do município de São João Batista, em 1958 (subscrito por Hemenergildo João Zunino, conhecido por Piloto Zunino, vereador). Foi na luta aguerrida desse experiente vereador, que obtivemos a nossa emancipação. Decorridos sessenta e quatro (64) anos, rebuscando os escritos históricos sobre a matéria, passei a lembrar, o desgastante trabalho, o tempo consumido do dia e noite, as constantes reuniões e horas de extenuantes preocupações, se valeram a pena? Valeram. E, se voltaria novamente, a exercer os mesmos direitos e suportar os mesmos sacrifícios, para obtenção da emancipação ou independência política- administrativa e social do município. A liberdade não tem preço. A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada. A história batistense revela com detalhes esse feito, de pretérito passado, não tão distante.
Sinésio Duarte era um jovem recém-casado, idealista, destemido, competente e corajoso. Começou sua trajetória política, como candidato a vereador, em eleições municipais de 23 de novembro de 1947.
Na época (1947), o município de Tijucas, era uma vasta região que compreendia além da Sede, os Distritos de Canelinha, São João Batista, Tigipió, Major Gercino e Boiteuxburgo e tinha 4.682 eleitores.
Em seu primeiro mandato, referente a primeira legislatura, da Câmara Municipal de Tijucas, elegeu-se com 347 votos, para o período de 1948 a 1950. Concorreu pelo Partido Social Democrático. De lá, até o final de 1959, foram mais dois mandatos decorrentes. Foram eleitos com ele, entre outros vereadores, Valério Gomes, Jacob Lameu Tavares e Zeferino Carvalho Neto, que posteriormente, se tornaram prefeitos de Tijucas.
Para segunda legislatura de 1951 a 1955, foi eleito com 222 votos e a eleição ocorreu no dia 03 de outubro de 1950. Entre outros, foram novamente eleitos, Valério Gomes e Jacob Lameu Tavares e recém-eleito Luiz Santy Telles, meu amigo, de saudosa memória.
Para a terceira e última legislatura de 1955 a 1959, elegeu-se outra vez, com 334 votos e a eleição se repetiu em 03 de outubro de 1954. Nesse período, foi criado o município de São João Batista e instalado em 19/07/1958, graças ao seu empenho imprescindível, coroando com êxito os três mandatos consecutivos.
Já no município Batistense, foi eleito vereador, sem sair de casa, no jargão popular, nas eleições ocorridas em 07/10/1962, referente ao período legislativo de 1963/1966, pela União Democrática Nacional, completando quatro mandatos. Residia em Florianópolis.
Por todo tempo, sempre deu de si, de seu trabalho, sem nunca receber “jetons” ou vencimentos pelos serviços prestados e nem era permitido em lei. Recorrentemente, é bom lembrar, as dificuldades da época, a distância do Distrito de SJBatista à Sede do município (Tijucas), passando por estradinhas de chão batido de pouca conservação, principalmente nas legislaturas iniciais, para participar de reuniões. Fazia isso, com satisfação e orgulho.
A história escreve com letras garrafais seu nome nos anais dos grandes acontecimentos do município, por seus relevantes serviços prestados ao povo de sua terra. Verdadeiro guardião, protótipo das causas batistenses.
Povo sem memória é povo sem história.
Resta-me, finalmente, altercar neste curto espaço histórico, as homenagens recebidas pelo bravo batistense Sinésio Duarte, em outras cidades do Estado Catarinense. Refiro-me a Tujucas e Florianópolis, onde também, prestou serviços e foi destacado pela municipalidade. Numa, com homenagens a seus familiares, por treze anos de serviços prestados ao município. E noutra, onde residiu, foi contemplado com a honrosa nominação de rua, numa das praias mais importantes da Capital, balneário Praia Brava, na condição de empresário e benemérito.
Neste instante, permito-me, com modéstia, serenidade e dignidade, reacender ou reverberar os tições da classe política batistense, para os feitos desse Batistense, com “B” grande.
Esse era meu irmão mais velho, filho de Benjamim Duarte da Silva.
Aos batistenses, o nosso abraço fraterno.