Rozalba Maria Grime, 28 anos, foi condenada pela morte de Flávia Godinho, e pelo furto do bebê da barriga da própria mãe. Após mais de 15 horas de julgamento, a sentença saiu no fim da noite de quarta-feira, 24, na Câmara Municipal de Vereadores de Tijucas. As penas somam 56 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado, mais oito meses de detenção.
Os sete membros do Tribunal Popular do Júri decidiram, de maneira unânime, a condenação de Rozalba por homicídio com cinco qualificadoras contra a mãe, além de homicídio qualificado tentado contra o bebê, na ocasião, com 36 semanas no ventre da mãe. Ela também deverá cumprir pena por mais quatro crimes relacionados aos dois homicídios.
Ela poderá recorrer da sentença, mas não em liberdade, pois já cumpre prisão preventiva pelos crimes e os motivos que levaram a essa medida continuam presentes, conforme determinou o juiz José Adilson Bittencourt Júnior.
Após o julgamento, o promotor de Justiça Alexandre Carrinho Muniz, que atuou em colaboração como integrante do Grupo Especial de Atuação do Tribunal do Júri (Gejuri) do Ministério Público de Santa Catarina, comentou a decisão dos jurados, que seguiram o entendimento do Ministério Púatarina e consideraram a ré como plenamente consciente de seus atos e, por isso, mentalmente apta a pagar pelos crimes na Justiça.
“Conseguimos demonstrar não só a questão da materialidade e da autoria, que me pareceu bastante incontroversa, mas também de identificar – até por parte do IGP que fez um excelente trabalho na confecção do laudo de sanidade mental – que ela tinha plena capacidade entender o caráter ilícito dos fatos e também de ter controle sobre seus atos”, comentou.
O crime aconteceu em Canelinha, em agosto de 2020. Desde então, a acusada ficou presa preventivamente.
Julgamento
Nas primeiras horas do julgamento, familiares da vítima se apresentaram na Câmara de Vereadores de Tijucas, na Grande Florianópolis, com cartazes pedindo justiça.
Os familiares da vítima foram os primeiros a chegar, junto com a Polícia Militar, que faz a segurança do local e advogados. Por volta das 8h40, a acusada, Rozalba Maria Grimes, também chegou à Câmara de Vereadores.
O júri popular começou com o sorteio dos sete jurados que compuseram o julgamento. Uma pessoa precisou ser substituída ainda pela manhã, após passar mal na sessão.
A ré começou a ser ouvida no final da tarde, por volta das 17h20. Segundo o MP, ela disse à Justiça que pesquisou na internet sobre parto e gravidez, para simular os sintomas. Também disse como planejou o crime, com o chá de bebê surpresa para a emboscada. Afirmou ainda que o lugar do ataque foi escolhido por estar abandonado e ter tijolos para atingir a cabeça da vítima.
Ao ser interrogada, em seguida, pelo Ministério Público, a ré se disse “capacitada” para tirar a bebê em gestação do ventre da mãe.
Ela também foi questionada pelas próprias advogadas de defesa. A elas, segundo o MPSC, disse que matou a vítima para retirar a neném da barriga dela e que se arrependeu do crime após ser presa.