Marcia Peixe
Páginas impressas, fotografias, livros sobre São João Batista e anotações pessoais, denotam o movimento empreendido pela professora aposentada, Salette Aparecida Cipriani Amorim, 70 anos, desde o início da pandemia em 2020. Foi neste tempo de isolamento social provocado pelo combate ao coronavírus, que ela encontrou nos estudos uma motivação para manter-se ativa, e, ao mesmo tempo, permanecer em casa para contribuir com as normas estabelecidas pelos órgãos de saúde.
O foco de suas pesquisas, está na história de São João Batista, na Rua Marcolino Duarte e também da Educação do município, temáticas que se conectam com a sua trajetória pessoal e profissional. “Esse tempo tem sido uma oportunidade de aprender, de pesquisar, saber mais e de relembrar pessoas que contribuíram com nossa cidade”, conta.
Salette explica que exerceu o magistério no período de 1971 até 2001, quando completou 30 anos de atuação como professora, auxiliar de diretor, diretora adjunta e diretora. “Eu iniciei como aluna no bairro Carmelo e encerrei minhas atividades profissionais no mesmo bairro”, descreve. Nestes anos, ela buscou estar aberta a novos aprendizados até mesmo após sua aposentadoria. “Com a pandemia eu fiquei em casa, assisti bons filmes, programas educacionais e religiosos. Optei por tirar o foco das notícias sobre a doença e me dediquei a ler livros”, acrescenta.
Entre as leituras, destaque para o livro Emancipação de São de João Batista (2010), escrita pelo líder emancipacionista, ex-deputado estadual e advogado, William Duarte da Silva. Além de grifar pontos de seu interesse, ela também marcou as páginas sobre as aspectos que pretende retomar. “O que mais me emociona, é ver o nome de tantas pessoas conhecidas no abaixo assinado para criação do município enviado à Assembleia Legislativa, inclusive com assinatura dos meus pais, irmãos e meu nome”, enfatiza.
Foi na casa da família na Rua Marcolino Duarte, que ela acompanhou as mobilizações para a emancipação político-administrativa de São João Batista, então distrito do município de Tijucas. Salette recorda-se que tinha por volta de sete anos, quando receberam em casa um representante do movimento. “Eu não consigo identificar quem era a pessoa, possivelmente, o próprio Willian, que foi recebido pelo meu pai e explicou do que se tratava a visita”.
Ela acrescenta que durante este encontro, foi apresentada uma lista com os nomes de diversos moradores do distrito que apoiavam a causa e que já haviam assinado o documento. “Meu pai assinou e também meus irmãos que estavam em casa no momento. Neste livro do Willian de 2010, os nomes de meus familiares constam nas páginas 249 e 250, e nas folhas originais do abaixo assinado, números 32 e 33”, diz.
Para além de uma entrevista sobre a pandemia e a emancipação de São João Batista, a professora rememorou episódios como: a enchente de 1961, as vivências durante a ditadura militar, a construção da Igreja Matriz sob o comando do padre Monsenhor José Locks e sua trajetória dentro da Educação. E nestas conversas, uma confirmação, a pandemia possibilitará à Salette a realização de um sonho: em breve publicará um livro. Aguardemos!
“O que mais me emociona, é ver o nome de tantas pessoas conhecidas no abaixo assinado para criação do município enviado à Assembleia Legislativa, inclusive com assinatura dos meus pais, irmãos e meu nome”
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