A possibilidade de vocacionar os hospitais na Grande Florianópolis deverá atingir as unidades no Vale do Rio Tijucas. E o que mais chama a atenção é que, justamente a Capital do Vale, que conta com a maior população, aproximadamente 40 mil habitantes, continuará sem maternidade.
Há três anos, o Hospital São José fechou as portas da Maternidade Chiquinha Gallotti e, desde então, as famílias tijuquenses têm recorrido aos municípios da Grande Florianópolis para o nascimento dos filhos. Em reuniões com as autoridades do município, a mantenedora do hospital foi clara ao dizer que não tem interesse em reabrir a maternidade.
Em campanha, o próprio prefeito Eloi Mariano Rocha (PSD) se comprometeu a buscar uma solução junto à direção do São José. Mas esbarra na posição da Associação Congregação de Santa Catarina, mantenedora do hospital, que deixou claro o interesse de não reabrir a maternidade.
Nesta semana, o prefeito e o secretário municipal de Saúde, Vilson José Porcíncula, o Tem, receberam o presidente da Comissão Intergestora Regional de Saúde (Cir), Marcos Marcelino, que é também, secretário municipal de Saúde de Major Gercino, para debater a vocação dos hospitais da região. A Cir é ligada a Associação dos Municípios da Grande Florianópolis (Granfpolis). Além deles, participaram da reunião, o médico regulador de Tijucas, Renato Ribeiro e os diretores do Hospital São José, de Tijucas, Jean Carlos dos Santos e Marcela Fontes Ferdinando.
O assunto principal do encontro não foi a maternidade, mas sim a necessidade e o interesse por parte do hospital da ampliação de serviços oferecidos a Tijucas, com destaque para a implantação de sobreaviso de cirurgia geral. “Hoje já temos sobreaviso de cirurgias ortopédicas, mas temos capacidade e estrutura de realizar, também, cirurgias gerais. Por isso já mantivemos contato com empresas que podem nos oferecer os médicos plantonistas e temos interesse em avançar nestas tratativas”, disse a diretora clínica Marcela Fontes Ferdinando.
O que diz a Cir
De acordo com o presidente da Cir, a iniciativa é de fundamental importância para atendimento de todo o Vale, e não somente para Tijucas. Porém, é preciso que os demais municípios participem efetivamente do processo. “Hoje todos os municípios do Vale utilizam a estrutura do Hospital São José de Tijucas, mas a conta fica para o município. Precisamos contar com este auxílio e mais ainda, com aporte do Estado que também precisa nos dar esta condição já que também utiliza desta mesma estrutura para pacientes de outras regiões”, disse.
Além disso, ele também afirma que é preciso vocacionar os hospitais da região. “Temos que ter mais resolutividade, fazer andar as filas de espera por procedimentos diversos, e com isso, desafogar hospitais de referência, como o Regional, por exemplo, que todos os dias recebe pacientes nossos que, em situações de menor gravidade, poderiam ter seus casos resolvidos em Tijucas ou em outros hospitais da região”, afirmou.
Para isso será preciso rever os planos operativos dos hospitais do Vale, contar com a união dos prefeitos em questão e solicitar maior apoio ao Estado. Diante desta demanda, o prefeito de Tijucas já providenciou o agendamento de um encontro com estas autoridades a fim de discutir a regionalização dos processos de saúde do Vale do Rio Tijucas.
Vocacionais
Na avaliação do coordenador da Cir, o Hospital São José de Tijucas seria o especialista para atender a região na área de traumatologia. Também teria como foco as cirurgias gerais, além de ampliação dos leitos de psiquiatria.
O Hospital Municipal Monsenhor José Locks de São João Batista com o foco nos partos e cirurgias eletivas. Já o Hospital Imaculada Conceição de Nova Trento, cirurgias eletivas de média e alta complexidade com suporte de UTI. E o Hospital Maria Sartori Bastiani, o foco seria as cirurgias eletivas. “Estamos dialogando com os municípios da região sobre todas essas possibilidades”, informa Marcos Marcelino.